Arquitetura

Como calcular o custo de uma obra?

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Em primeiro lugar, é preciso definir quais problemas você deseja resolver com a obra. Por isso, faça um checklist completo, incluindo tudo o que te incomoda e que você gostaria de mudar na sua casa. Pode ser que essa lista demore um pouco para ser concluída, pois assim que você começar a elaborá-la, perceberá alguns problemas que antes não incomodavam. Então, invista algum tempo fazendo essa lista de desejos. Sabendo o que quer, fica mais fácil calcular o custo de uma obra.

Liste também os benefícios que cada item trará para a sua vida. Por exemplo:

Vantagens de aumentar a bancada da cozinha:

» Poder deixar os eletrodomésticos à mão

» Espaço para eu e meu (minha) companheiro (a) cozinharmos ao mesmo tempo

» Espaço para acomodar as compras que chegam do mercado

Marque aqueles itens que trarão a maior quantidade de benefícios.

Em segundo lugar, é preciso organizar os itens da sua lista por ordem de prioridade: em primeiro lugar, os que mais incomodam, que precisam ser resolvidos com mais urgência. Por último, aqueles supérfluos, que são apenas luxo ou que podem esperar um pouco mais.

Feito isso, é hora de estimar! Você não conseguirá ter um orçamento preciso sobre os serviços que precisam ser feitos sem um projeto de arquitetura, que é utilizado como base para calcular o custo da obra. Isso acontece porque sempre existirá uma lacuna entre o que você está imaginando para o seu ambiente, o que você consegue expressar para os profissionais que irão executar e, de tudo o que você conseguir expressar, o que esses profissionais irão entender. É a barreira da língua, que cria os “mal-entendidos”.

Além disso, cada serviço ou solução necessita de um pré-requisito, uma infraestrutura adequada para que possa ser implementada. É o caso, novamente, das instalações elétricas, de abastecimento de água e esgoto, por exemplo. Muitas vezes, para reformar espaços como cozinha, banheiros, áreas de serviço, home offices e livings, as instalações são esquecidas ou ignoradas e, na hora da execução, precisam ser adaptados para comportar as novas soluções. Por não incluir esses custos com a adequação da infraestrutura, a obra costuma custar mais do que foi orçada.

Para calcular os custos com material, o ideal também é que se tenha um projeto, assim fica mais fácil de quantificar, mas se você é bom em matemática, pode pedir a ajuda dos executores na listagem do material necessário para executar cada serviço e fazer a sua tabela de orçamento!

Não se esqueça de contabilizar itens como:

» Sacos de entulho (se houver demolições)

» Equipamento de segurança (como óculos, luvas e máscaras)

» Material auxiliar, como panos, baldes, fitas adesivas, papelão ou lona para proteção, pincéis, rolos, vassouras, etc.

» Equipamentos alugados, como caçambas de entulho e andaimes

O grande segredo para o sucesso da sua estimativa é tentar imaginar sua obra acontecendo, se imaginar no lugar dos executores e ir listando tudo o que você acha que ele vai precisar e, depois de pesquisar preço de tudo, colocar uma taxa de desperdício de 10 a 15% sobre o total.

No final da sua pesquisa, você terá um valor para mão de obra e material referente a cada um desses serviços que você elencou.

Para calcular a viabilidade do seu projeto, verifique se esses serviços que precisam ser feitos implicam em alguma mudança na sua rotina: se você vai precisar sair de casa por alguns dias, se vai precisar retirar seus pertences de dentro do espaço, etc.) e como você pode solucionar essas questões.

Verificada a viabilidade, vamos ao valor: faça a divisão da sua lista de prioridades igualmente em 3 grupos, de forma que cada grupo tenha uma quantidade semelhante de itens (como você já ordenou por prioridade, vai ser fácil, é só contar o número de itens e dividir por 3, assim o grupo 1 ficará com os itens mais importantes, o grupo 2, meio termo e o grupo 3, com os menos importantes). Dentro de cada grupo, marque os mais caros com uma cor e os mais baratos com outra cor.

Dessa forma você já saberá quais itens você deve executar primeiro, começando pelas atividades marcadas como mais importantes e baratas e por último as atividades caras que não são tão importantes.

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Verifique agora o seu orçamento disponível para cobrir o custo de uma obra e determine o valor que você gostaria de gastar com ela e, também, o máximo que você poderia gastar, sem prejudicar suas finanças.

Do valor total que você gostaria de gastar, subtraia o valor dos itens do grupo 1 (atividades importantes e baratas). Depois subtraia o valor dos itens que não foram marcados (cujo preço não é nem muito barato e nem muito caro) e, posteriormente, do grupo 1.

Ultrapassou meu orçamento! E agora?

Uma estratégia inteligente é reavaliar as suas prioridades, tendo em mente o preço de cada uma dessas atividades. Você pode optar por não executar alguns serviços do grupo 1 (importantes, porém caras) e empregar esse investimento em um número maior de itens, dos grupos 2 e 3.

Uma tática que eu gosto de usar é selecionar, entre os itens dos grupos 1 e 2 (importantes e muito importantes, porém caros), aqueles que trarão maior quantidade de benefícios (exemplo da bancada da cozinha).

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Com esses valores em mente, avalie quantos e quais dos itens da sua lista de desejos você conseguiria executar e quanto tempo levaria e quais deve eliminar, já que não vai conseguir custear. Agora você já tem completo controle sobre as suas finanças e sobre o escopo da obra.

Esse é o momento ideal para descobrir se vale a pena contratar um arquiteto. Tendo em mente que um projeto pode economizar até 30% do valor total gasto na obra e que, em média, custa de 5 a 10% desse valor, verifique o seu orçamento e o custo da sua obra e calcule se vale a pena investir em uma ajuda profissional.

Autora

A arquiteta Áliqui Sodré é CEO da Catabila Arquitetura Ltda. no Rio de Janeiro/RJ, e tem vasta experiência na área de projeto arquitetônico, executivo e gerenciamento de obras. Conheça o site do seu escritório, e acompanhe suas atualizações no Facebook e Instagram